quinta-feira, 14 de julho de 2011

André Santos, o Caroço da Azeitona, Rocky Balboa e Deus.

Ontem me engasguei com um caroço de azeitona.
Pois é. Eu estava lá bebericando e assistindo ao jogo da seleção. A azeitona mostrou-se uma ótima opção de distração. Em certo momento, enquanto mastigava cuidadosamente o bendito fruto da oliveira resolvi fazer um comentário sobre a péssima atuação do péssimo lateral esquerdo André Santos. Pois bem. O caroço da azeitona, faceiro que só, decidiu alojar-se em minha laringe. A laringe, para quem não sabe, é aquele canal pelo qual o ar passa pra chegar até nossos pulmões. A partir daí o tempo parece ter congelado e acredito ter estado perto de nosso altíssimo, o dono da festa, aquele lá de cima, o barbudin, ou seja lá como vocês o conhecem e aqui irei chamar simplesmente de DEUS.
Normalmente, nós, seres humanos normais temos totais poderes sobre nossas vidas. Quando sentimos fome comemos, quando estamos atrasados corremos, quando estamos com sono dormimos, ou seja, agimos para quando queremos realizar algo. Mas naquele momento o caroço da azeitona havia acabado com qualquer possibilidade real de ação. Era o fim. Vi a morte de frente. Comecei a ouvir a voz da Janis Joplin cantando "Cry Baby" dentro da minha cabeça. O mundo ficou em slow. Eu conseguia contar os dentes das pessoas rindo em volta da mesa. Fiquei esperando a porra da minha vida passar em frente aos meus olhos mas nada acontecia. O filme deve ter sido muito chato e quiseram me poupar da vergonha. Lembrei das pessoas que amo e logo fiquei preocupado se havia deixado o fogão aceso em casa. Só uma palavra vinha a minha mente: Fudeu. A única coisa que continuava estática era o caroço em minha garganta. Calmo e soberano só esperando sua vitória. Davi derrotando Golias. Meus olhos começaram a lacrimejar mas eu não estava chorando. Eu já não podia fazer nada. Foi ai que eu pensei: peraí, eu ainda posso usar meu cérebro. A primeira tentativa que, por sinal foi bastante idiota, foi tentar mover a azeitona com o poder da mente que rapidamente descobri que não tinha. Me sobrou rezar, coisa que não fazia há tempos. Tentei lembrar alguma oração mas não tava rolando. A falta de ar no cérebro já estava me deixando burro. Daí comecei a pedir qualquer coisa pra Deus. Prometi um monte de coisas que nem lembro mais. Minha visão já estava turva e comecei a ver luzes de todas as cores. Me despedi e pedi perdão. De repente, senti a azeitona se movendo. Era Ele. Foi como se um dedo estivesse empurrando a azeitona laringe a cima. Atrás da azeitona vinha um grito de vitória que estava preso dentro de mim há anos. Era como se eu fosse o Rocky, aquele caroço Ivan Drago e Deus meu treinador com aquela toquinha de lado. O caroço empurrado pelo dedo do Altíssimo saiu pela minha boca e minha vontade era gritar: ADRIAAANNNN!!!!! Não gritei porque neste ponto meu cérebro já funcionava melhor e meu senso de ridiculo já havia retornado. O mundo realmente parecia bem mais colorido e agora eu tinha certeza que Deus existia nem que fosse para retirar os caroços de azeitona da minha laringe. Mas o ensinamento mais importante que aprendi foi que não devemos falar mal do André Santos, até porque, jogando o futebol que ele joga, só sendo muito querido por Deus pra estar na seleção brasileira.